Peguei metrô da Praça da Árvore até a Sé, da Sé até Palmeiras-Barra Funda (dormi o trajeto todo). Então entrei no trem sentido Francisco Moratto e resolvi ficar acordada para ver se a paisagem valeria a pena.
Até Pirituba, nada de novo. Apenas São Paulo com seu tom cinzento de sempre. Mas então saímos da cidade. Vi o Cebolão, o Pico do Jaraguá. Nos morros, a vegetação se misturava aos subúrbios.
"São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar"
(Garoto, Vinícius de Moraes e Chico Buarque - Gente humilde)
Algumas construções históricas se erguiam aqui e ali. Igrejas, casas antigas, estações de trem. Nada muito bem preservado, mas está tudo lá, resistindo ao tempo. No meio das favelas, algumas mansões aproveitam os terrenos de metro quadrado barato. Contraste...
Chegando na estação, tirei um mapa da bolsa.
- Moça, você não é daqui pra estar com um mapa na mão, né? Pra onde você vai?
O rapaz me ajudou a achar o caminho.
Na hora do almoço, não encontrei muitos restaurantes. Uma lanchonete vendia prato feito. R$ 6,50! Faz tempo que não vejo um preço desses em São Paulo, pelo menos nos lugares onde costumo passar.
Na passarela da estação de trem, um casal de adolescentes se agarrava. Todos os carros paravam na faixa de pedestres para as pessoas passarem. A linha do trem cruza com a rua e o trem apita quando está chegando, para os pedestres saberem que é hora de parar e esperar. Uma casa estilo colonial tinha uma faixa escrito "Acessa São Paulo - Internet grátis". Ao lado, uma faixa anunciava um sarau promovido pela Secretaria de Cultura.
Me senti, assim, como se estivesse a uns 300 km de São Paulo. E estava perto, tão perto, que precisei de apenas 1h e pouco para chegar da minha casa até lá.
Contrastes.