sexta-feira, 4 de julho de 2008

Noite parisiense

Estou maravilhada com Paris! Agora é uma e meia da manhã, acabo de voltar da cidade. Tia Lena e François me levaram de carro para conhecê-la à noite. O passeio foi indescritível. As fotos que tirei não são representativas do que vi. Não pegam a iluminação, as cores, as formas e muito menos a magia do local.

Quando saímos, por volta das 23h, o sol havia acabado de se pôr e arrastava atrás de si uma cauda de raios retardatários que formavam no céu uma espécie de leque esverdeado. Eu via estender-se no horizonte um espectro começando no amarelado, passando pelo verde água, depois azul turquesa, azul escuro, índigo e, por fim, negro.

Chegando na cidade, cada construção histórica era iluminada de uma forma toda especial. A imponência de cada monumento é ressaltada pelas luzes estrategicamente dispostas.

Passei por diversos lugares que eu já tinha visto à luz do dia, mas durante a noite, eles assumem um aspecto diferente. De fato, parecia que eu os estava vendo pela primeira vez. Eu parecia uma criança olhando a "tetéia" (era o nome que eu dava para as luzes de Natal, logo que aprendi a falar). Em um certo momento, percebi que estava com a boca aberta. Literalmente, fiquei de queixo caído.

Passamos pelos pontos mais conhecidos: o Louvre, o Arc de Triumphe, o Hôtel de Ville, o Sena com suas diversas pontes, o Conciergerie, o Museé D'Orsay, etc. E, claro, La Tour Eiffel. Toda iluminada num azul elétrico (mais ou menos da cor do chackra laríngeo). Uma série de estrelas amarelas formavam um círculo próximo à base. No alto, um holofote fazendo movimentos circulares. De quase qualquer ponto da cidade, podia-se vê-la.

Paramos o carro no Trocadero. Parece ser o melhor local para ver a torre. Muita gente estava lá: turistas, nativos e um monte de imigrantes vendendo minaturas piscantes. Tirei várias fotos, de vários ângulos, usando vários efeitos, mas nenhuma delas conseguiu reproduzir nem 10% da beleza da cena: a torre iluminada, refletida numa espécie de lago artificial que tem abaixo dela. Mais ou menos quinze para meia noite, a torre começou a piscar. Segundo tia Lena e François, ela pisca durante quinze minutos por hora. Simplesmente mágico!

A melhor foto que consegui tirar da torre:




Arco do Triunfo:

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Fora esse passeio iluminado, eu e tia Lena fizemos um programa cultural. Fomos de manhã ao Pompideu - um centro cultural de Paris, que inclui um museu de arte moderna, cinemas, biblioteca e diversas outras coisas. A arquitetura é bem moderna e contrasta com a paisagem da cidade antiga. Muitas escadas rolantes panorâmicas, das quais se enxerga o resto da cidade. Nos terraços, esculturas em laguinhos aritificiais e paredes de vidro: interessante enxergar uma escultura tendo, ao fundo, a torre Eiffel.

Porém, não adianta, não consigo gostar de arte moderna. Uma vez um rapaz que me passou uma cantada me disse: "interessante, você é uma mulher clássica". Definitivamente, o rapaz não fazia o meu tipo, mas nisso ele acertou. Poucas daquelas obras me despertaram algum sentimento. Em compensação, cada cópia de estátua clássica do Jardin de Tullerie (acho que é assim que escreve) que visitamos em seguida, me fez vibrar por dentro. Não vejo a hora de entrar no Louvre!

Também visitei, no Pompideu, uma exposição de arquitetura (Jamir, morra de inveja!) com as maquetes que participaram dos concursos para vários das grandes obras da Europa. Entre elas, a Biblioteca Nacional da França, que pretendo visitar! A biblioteca tem quatro torres enormes, com um jardim entre elas. Imagine quanta coisa deve ter lá para se pesquisar!

Saindo de lá, comemos um sanduíche (para variar) e fomos ao L'Orangerie. Esse museu tem obras impressionistas. Destas ainda gosto muito. Acho que meu gosto por arte vai até aí: o que veio depois, com raras exceções, não me atrai. A tia Lena pensa o mesmo: logo que entramos no Pompideu, ela disse: "Sabe... quando vejo estas obras de arte, e penso no que já vi de arte clássica e renascentista no Louvre, sinto que houve uma regressão...". Falou exatamente o que eu estava pensando!

Voltando aos impressionistas, fiquei muito bem impressionada com as obras. Matisse, Renould, Picasso em sua fase impressionista e a impressionantemente impressionante obra Nimféa (espero ter escrito corretamente) de Monet. Essa obra consiste em oito quadros divididos em duas salas ovais. Elas formam um jardim (que, pelo que li no folheto, é o jardim da casa do Monet). Retratam a passagem do dia e a iluminação que ele provocava no jardim: por isso o formato circular. Conforme você anda pela sala e olha a paisagem, consegue perceber o sol nascendo, a manhã, o entardecer, o anoitecer, e o sol nascendo de novo, e assim por diante... Simplesmente lindo!

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De lá, fomos comprar passagem de trem. A estação tem um nome poético: Montparnasse. Muita fila para comprar o bilhete. Consegui ser atendida por alguém que falasse inglês - um rapaz que foi muito simpático. Até agora, foi a única pessoa que falou em inglês comigo aqui na França. O resto, como já é fama, finge que não escuta, ou prefere falar em francês e entender o que digo em português. Enfim, achei charmoso o inglês com sotaque francês: os "r"s puxados, como os dos cariocas.

Comprei passagem apenas de Paris para Bologna. De Bologna para Roma, ele não conseguiu acessar o sistema para comprar a Tarif Reduit a que tenho direito por ter menos de 26 anos. De Roma para Berlin, são 18 horas! Melhor eu descobrir se tem um avião baratinho, senão perderei a apresentação gratuita da Orquestra Filarmônica de Berlin na abertura do congresso...

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Hoje vi uma passeata dos imigrantes. Gente de todos os tipos: negros, brancos, turcos, judeus, muçulmanos, com roupas africanas, com burca, quase sem roupa, bom: de todo jeito mesmo!
Também vi um cartaz pregado no telefone público que compreendi, apesar de estar em francês (francês escrito é facilmente compreensível). Falava sobre as políticas contra imigrantes.
A coisa aqui está pesada, nesse sentido. Embora eu entenda a preocupação dos franceses (pois pelo visto, tem mais imigrante que nativo por aqui), não consigo imaginar Paris sem os imigrantes. Nem visualmente, nem funcionalmente.

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Começo a entender algumas palavras e pequenas frases do francês. Para quem não saía do Bon jour, até que estou progredindo... Hoje consegui pedir duas entradas para o L'Orangerie (un tarif plein e un tarif reduit) em francês. Também já consigo dizer "Pardon" e não "Desculpa" quando esbarro em alguém (parece fácil, mas não é. O ato de dizer "Desculpa" está fortemente condicionado, é algo que liga automaticamente. Dizer "Pardon" mostra que, de certa maneira, já entrou em minha cabeça que estou em outro país). Também aprendi os dias da semana, lendo o semanário Pariscope. François parece ter ficado feliz com esse progresso.

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As impressões que tenho de Paris são as melhores possíveis. A cidade, em si, é uma obra de arte.

Todos os dias, desde que peguei o avião, há imagens novas para ver. Sons novos, palavras diferentes. Cheiros novos, sabores que nunca senti. Diversidade nos costumes, nas idéias. Certamente, não será a mesma Gabi que voltará ao Brasil.

Fico emocionada de pensar que cheguei aqui como resultado de meu próprio esforço, depois de muito trabalho... Isso faz com que cada experiência tenha, para mim, um valor ainda maior.

Melhor ainda é saber que ainda tenho vinte e cinco dias!

8 comentários:

Daisy Padula Castro disse...

Oi Gabi,
Muuuuito bom viajar com você.
Fiquei com muita vontade de entrar em um "mercadinho" (os daí parecemcom os daqui??) e levar para casa um vinho nacional. De preferência espumante.
beijos

Anônimo disse...

Gabi,

Sabe o que mais me impressiona na Europa?
É simplesmente olhar para as datas das grandes realizações que se vê por aí. Como por exemplo, toda essa arte clássica foi realizada quando o Brasil não era mais que selva e índios.
Aí fico pensando: quanto tempo será que ainda precisamos para alcançar esse nível cultural?
Não é um bom motivo para se tomar vinho, olhando para o entardecer, às 23 horas?
Pensa nisso...depois me conta suas conclusões.
Beijos
Pai

Gabi disse...

Tia, ainda nao conheci nenhum mercadiho, mas pretendo fazer isso em breve. A tia Lena me disse que aqui ha bons vinho por 2 ou 3 Euros. E a Champagne (de verdade, mesmo... nao é apenas vinho espumante!) custa cerca de 12 Euros a garrafa! O Francois costuma fazer compras no Carrefour. De mercadinho, ainda nao sei muita coisa, hehehe...
Pai, pra mim o negocio é assim: quando vejo as construcoes, fico orgulhosa d especie humana. De ato, é emocionante ver o que construiram ha centenas, e as vezes milhares de anos! Porem, voce ja viu as construcoes novas? O Pompideu, por exemplo, é bonito, mas nao chega aos pés das construcoes classicas. Concordo com a tia Lena: regredimos em termos de arte. Duvido que hoje alguem fosse capaz de construir algo semelhante ao Louvre, à Opera, a Saint Vincenne. E isso tanto no Brasil, quanto aqui. Isso é triste: fico com saudades de um tempo que nao conheci (ao menos nao nesta vida). Dificil ter nascido com esta cabeca de velha... Somente um bom vinho para aguentar! ;-)

Unknown disse...

ja mostrei pra mamae as fotos do orkut so falta o papai esse vai ser mais dificil...
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!!
porem eu sinto q as ideias estao fluindo mlr com a minha nova careca entaum logo encontro um jeito de fazer o papai ver as fotos provelmente amanha....
papel dificil e fazer a cobra da mamae conseguir flar com vc no domingo!
mas tenhamos fe q vai dar cert...
KKKKKKKKKKKKKK!!!!!!
bjos gabi quem sabe um dia naum doum chego por ai....

Gabi disse...

Hei, Samu, um dia vc chega por aqui sim! Quem sabe a gente vem junto... Vc vai adorar, tenho certeza! Pode deixar que auqndo vc menos esperar, surgira oportunidade... Foi assim comigo, e nao ha de ser diferente com vc. Beijao, e ajuda a cobrinha da nossa mae...

Daisy Padula Castro disse...

Gabi,
O julio está aqui pedindo para você trazer uma moedinha ou nota dos países por onde passar. Ele quer juntar com o dolar e o euro que já tem.
beijos acreanos.
Julio e Daisy

Gabi disse...

Tia, eu levo sim! Mas por aqui, so tem Euro... Eu posso levar moeda de Euro de varios paises (o Euro é diferente dependendo do pais em que foi fabricado). é isso que ele quer? Beijos!

Anônimo disse...

Gabi, eu entendo perfeitamente a sua frustração ao perceber que o ser humano está desaprendendo a fazer arte e arquitetura, e ainda vê isso como uma revolução. Eu também tenho uma "cabeça velha", e sinto que nasci no tempo errado. Quase tudo de que gosto é anterior ao nosso tempo, sobretudo a música.

Arte (pintura e escultura) para mim tem que parecer com alguma coisa, uma paisagem, ou uma pessoa. "Arte" Moderna, qualquer criança é capaz de fazer, basta jogar tinta de qualquer jeito numa superfície e montar qualquer coisa com sucata... Não entendo a "essência" disso.

Realmente, castelos fascinantes e obras primas do período clássico é algo que nunca vamos encontrar no nosso Brasil. Para isso, vale viajar para a Europa! Hehe!

Beijos.