quarta-feira, 25 de junho de 2008

Viagens minhas de cada dia...

Fiquei muito feliz com os comentários que recebi nos posts anteriores. Eu ando com a auto-estima-literária baixa: sempre achando que meus textos não têm saído bons como antes, ou ao menos não tão bons quanto eu gostaria. Mas acho que ao menos não perdi a capacidade de perceber a poesia do cotidiano.

Estes últimos dias têm sido muito ocupados. Nove horas por dia na empresa, quatro no trânsito. Considero que viajo todos os dias, como na época em que eu ia e voltava da USP. O tempo passado dentro de veículos é o mesmo, e o cansaço é maior.

Quando eu ia e voltava da USP, pegava apenas um veículo: ônibus com ar condicionado, TV passando filmes, banco confortável. Agora, posso escolher entre várias opções:

1) Pegar o 775V-10 (bizarra a numeração de ônibus em São Paulo, que usa letras, números e outros números separados por tracinho ou barra), que vai direto daqui para lá, mas pega muito trânsito no caminho.

2) Pegar qualquer ônibus até o metrô da Paulista, e de lá dois metrôs (conexão na Ana Rosa da linha verde para a azul) até a estação Santa Cruz. Esse vai um pouquinho mais rápido, mas fica mais caro e tem conexões a fazer.

3) Andar a pé até a USP, pegar o circular até o portão de pedestres que sai na ponte, atravessar a ponte por cima do fedorento rio Pinheiros até a estação de trem Cidade Universitária, onde eu compro um bilhete fingindo que vou pegar o trem, passo a catraca, pego um bilhete do ORCA, passo a catraca de volta, pego uma fila de 20 min até conseguir um ORCA, levo mais 15 min de ORCA até a Vila Madalena, onde pego metrô até a estação Santa Cruz (novamente fazendo conexão na estação Ana Rosa). Ufa! Essa opção é bem cansativa. Valeria a pena se não fossem os 20 min de fila até conseguir um ORCA.

Bem, como todos os trajetos tentados até aqui deram quase que na mesma, tenho optado pelo primeiro, que pelo menos é um ônibus só - cansa menos. A partir da metade do percurso, mais ou menos, eu até consigo sentar, e vou lendo pelo caminho. Às vezes, vou lendo de pé, mesmo: uma mão no ferrinho para não cair, outra segurando o livro. Desse jeito, já li "Admirável Mundo Novo", "Sonhos de uma Noite de Verão", e agora estou lendo "Incidente em Antares". Acabo de arranjar forma de colocar em dia a Literatura!

Outra coisa muito divertida a se fazer no percurso é observar as pessoas. O metrô e o ônibus são excelentes campos de observação para humanólogos (os USPianos que estudam macacos têm se auto-intitulado "macacólogos", acredito que por influência do renomado macacólogo Luiz Biondi, que foi o primeiro que eu vi usar esse termo. Portanto, acabo de criar o neologismo "humanólogo" para os que estudam seres humanos). Tem gente de todos os tipos: crianças, jovens, velhos, pobres, remediados, às vezes até umas pessoas que parecem ricas, intelectuais, inguinorantes, etc. As discussões passeiam por diferentes assuntos, como família, comida, sexo, política, futebol, trabalho, drogas, etc. Qualquer dia farei um (ou vários) post(s) sobre as pessoas que vi no ônibus, e as conversas e fatos que presenciei - certamente dão ótimas crônicas.

Bem, este post não foi poético, nem muito engraçado, talvez nem mesmo interessante, mas eu precisava desabafar! São Paulo é fogo! Odeio ter que ir para onde todo mundo quer ir, ao mesmo tempo que todo mundo quer ir. Mas a vida é assim mesmo, e resta tentar encontrar diversão na Literatura escrita e nos acontecimentos do cotidiano, que são Literatura ao vivo, com potencial para tornarem-se Literatura escrita.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Viagens minhas de cada semana...

Acho que não tem viagem que eu tenha feito mais na vida do que o trajeto Campinas-São Paulo-Campinas.

Houve um tempo em que eu transitava por esse percurso de segunda a sexta feira: 200 km por dia, cinco vezes por semana, totalizando cerca de 5.000 Km por mês, o suficiente para ir e voltar de Rio Branco (capital do Acre, para os que perderam as aulas da 3a série) uma vez a cada um mês e meio! E creio eu que, caso eu tivesse tido a oportunidade de optar por ir e voltar do Acre a cada um mês e meio, minha vida teria sido mais interessante.

Em todo caso, esse tempo passou. Mudei-me para São Paulo e comecei a percorrer o trajeto São Paulo-Campinas-São Paulo uma vez por semana. O que tem seus prós e contras.

O maior contra foi ter-me tornado uma anfíbia. Meio lá, meio aqui. E meio caracol: o tempo todo carregando uma casa nas costas. Há tempos cheguei à conclusão de que minha verdadeira casa é a mochila, que eu praticamente nunca desfaço por completo. Vai roupa suja, volta roupa limpa (bendita seja a mamãe que continua cuidando das minhas roupas!). Ficam sempre nos bolsos da mochila escova de dentes, placa ortodôntica para não ranger os dentes, carregador de celular e umas duas calcinhas limpas. O que pesa mais não são os panos, e sim os papéis. Livros e artigos: muitos! Como pesa o conhecimento!

Apesar de percorrer esse caminho tantas vezes, até hoje não o conheço. Sempre fui de ônibus ou de carona, o que me faz viajar mais para dentro de mim do que para fora. Se não estou dormindo, estou conversando ou lendo ou imaginando mil coisas interessantes que me impedem de prestar atenção na paisagem ao meu redor. E até hoje ainda não sei direito dizer qual é a Bandeirantes e qual é a Anhangüera - por mais que eu tenha consciência de que são totalmente diferentes.

É impressionante notar a diferença de clima entre as duas cidades, relativamente tão próximas. Jundiaí é a linha divisória: o limite entre o cinza-azulado de São Paulo e o azul-amarelado de Campinas; entre o ar gelado de São Paulo e o calor abafado de Campinas; entre a necessidade do guarda-chuva e do agasalho, em São Paulo, e a necessidade da blusa sem manga, em Campinas; entre a cara amarrada e apressada de São Paulo e o sorriso de nariz empinado de Campinas; entre a Rainha de Copas e a Princesa d'Oeste.

E eu há seis anos vivendo no limite...

domingo, 8 de junho de 2008

Iniciando as viagens...

Aqui estou, fazendo um novo blog, depois que o outro ficou preso no servidor, sem condições de ser modificado ou apagado! Coisas do mundo tecnológico...

Na verdade, eu não me preocupei com isso por muito tempo, porque não tenho mesmo muito tempo para mexer em blog.

Mas agora, aproximam-se as viagens para a Europa e tanta gente pede para eu dar notícias, que precisei arranjar um jeito de dar notícias para todos, sem tomar muito tempo, porque vou querer usar muito tempo para passear! Então, quem quiser ter notícias de mim, é só entrar aqui que vou tentar manter atualizado!

Já aviso que viagem, para mim, independe do local. Estou sempre viajando, onde quer que eu esteja. Viajo o tempo todo: deitada na cama, sentada ou de pé no ônibus, andando pela cidade, trabalhando, estudando, lendo, tomando banho, fazendo xixi, comendo... Eu viajo constantemente!

Então, preparem-se para encontrar as viagens físicas e mentais desta viajante.

Alô, alô, planeta Terra chamando, planeta Terra chamando!