quinta-feira, 12 de maio de 2011

Encontros e reencontros - Parte IV

[Texto escrito em 11 / 05 / 2011]

Quando a gente lança uma pergunta ao Universo, Ele responde. É preciso ficar atento, porque a resposta pode estar em qualquer lugar: no trecho de um livro que você pegou por acaso na estante, num e-mail desses de corrente que um amigo chato mandou pela internet, na conversa com um colega de trabalho, no mendigo que te abordou na rua, nas reações do corpo em termos de adoecimento e cura, num sonho, num assalto... em qualquer lugar, sem exceção!

No dia 11 de abril de 2011, lancei a pergunta: "Como é que posso deixar de lado a minha consciência, a minha individualidade, para me tornar o Todo?". (ver Encontros e reencontros - Parte III)

A resposta foi rápida, pois o Universo não tem pressa e também não tarda. E foi simples, porque tudo no mundo é muito mais fácil do que parece. E se escrevo agora, após exatos 30 dias, é porque eu mesma levei tempo para assimilar.

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A primeira parte da resposta veio através do amigo Aluysio Robalinho, que tomo a liberdade de citar, mesmo sem ter pedido permissão:

"Será mesmo preciso abdicar da consciência individual para penetrar no todo? (ou deixar que ele nos penetre?)... Se a espiritualidade de que falamos é quântica... há possibilidade de manter as duas consciências (individual e universal, part...ícula e onda, como na luz) íntegras... Os orientais dizem que há várias espécies de Samadhi... e se não me falha a memória, o "samadhi da forma" permite que vc. mantenha os limites da consciência particular, o que, no fundo, não vem a ser outra coisa senão o que veio a se chamar "avatara individual"..."

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Também chegou um email, quase que ao mesmo tempo. Continha dois anexos, duas versões de um mesmo documento, que não cheguei a abrir naquela noite, porque já estava muito cansada e sem condições de pensar em mais nada.

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TRATADO DE LA UNIDAD

IBN ARABI (traducido y comentado por Roberto PLA)


¡Gloria a Allâh, ante cuya Unidad no hay nada anterior, si no es Él, que es el Primero! ¡Gloria a Allâh, después de cuya Singularidad no hay un después, si no es Él, que es el Siguiente!

Con relación a Él no hay antes, ni después; ni alto ni bajo; ni cerca, ni lejos, ni cómo, ni qué, ni donde, ni estado, ni sucesión de instantes, ni tiempo, ni espacio, ni ser. Él es tal como es. Él es el Único sin necesidad de la Unidad. Él es lo singular sin necesidad de la Singularidad.

Él no está compuesto de nombre, ni de denominado, porque Él es el nombre y el denominado. No hay nombre salvo Él. No hay denominado salvo Él. Por ello se dice que Él es el nombre y el denominado.

Él es el Primero sin anterioridad. Él es el Último sin posterioridad. Él es Evidente sin exterioridad. Él es Oculto sin interioridad. Porque no hay anterior, ni posterior; no hay exterior, ni interior, sino Él.

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Sonhei que estava prestando vestibular. Estava em uma sala da Unicamp, com muitos candidatos, entre eles meu namorado, que também faria prova. Não sei que curso desejávamos, mas era o mesmo. As paredes da sala eram revestidas de pedra.

No primeiro dia de prova, fomos estimulados a escrever nas paredes da sala com canetinha. No segundo dia, entrei na sala e vi uma espécie de grafite nos azulejos, acima da lousa, que não estava lá no dia anterior... uma frase escrita com caneta de quadro branco. Não lembro qual era a frase, mas lembro que me fez um sentido enorme, parecia que era algo para eu meditar neste momento da minha vida. E no final da frase, havia uma assinatura em letras maiúsculas: o nome completo do amigo que me mandou por email o Tratado de la Unidad!

No sonho, fiquei meio cismada, porque eu não tinha contado que ia prestar vestibular. Pensei: o que esse cara tá fazendo em Campinas? Como descobriu que eu estaria aqui?! Como entrou nesta sala?!!! Como é que ele pode estar tão envolvido na minha vida, sendo que eu nem o conheço pessoalmente? Depois descobri que ele estava em Campinas há alguns dias, dormindo na estação de trem.

Chamaram-me para ajudar a entregar as provas para os outros candidatos. Para isso eu precisava pendurar um lençol no pescoço. Eu já estava embrulhada em um lençol que tinha trazido de casa, mas me entregaram outro: era preciso mudar de "veste". Comecei a entregar as provas, mas eu tinha dificuldade de achar as pessoas... vi que tinha vários nomes de pessoas que não estavam na sala e faltavam as provas de pessoas que estavam na sala.

Psicóloga: E esse amigo, o que significa neste momento de sua vida?

Eu: Não sei. Ele me mandou um email, tinha dois arquivos em anexo, depois ele me ligou e insistiu para eu ler. Mas ainda não sei o que é, está tudo muito complicado, minha cabeça está só nos relatórios que preciso finalizar para o Fórum para fechar esta etapa de vida.

Psicóloga: Então talvez seja por isso que você não se lembra da frase que ele escreveu... Quem sabe depois que você ler...

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Su existencia está únicamente en los textos de la profecía. Sin embargo, sólo Él existe y no puede dejar de existir puesto que jamás vino a la existencia. Por eso ha dicho el Profeta: "Quien se conoce a sí mismo conoce a su Señor". También ha dicho: "Yo conozco a mi Señor, por mi Señor". El Profeta de Allâh ha querido hacerte comprender que tú no eres tú, sino Él: Él y no tú; que Él no cabe en ti y tú no cabes en Él; que Él no sale de ti y tú no sales de Él.

Lo que quiero decir es que tú no eres, o posees tal o cual cualidad, que no existes y que no existirás jamás, ni por ti mismo, ni por Él, en Él o con Él. Tu no puedes cesar de ser, porque no eres. Tú eres Él y Él es tú, sin ninguna dependencia o casualidad. Si alcanzas a reconocer en tu existencia esta cualidad de la nada, entonces conoces a Allâh, En otro caso, no.

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E apenas ontem, 10 de maio, é que conversei novamente com o amigo:

O que quero dizer é bem simples... (e passei um tempo pensando em como continuar, porque as coisas simples são as mais difíceis de se escrever).

abdicar da individualidade para abrir-se à coletividade é ilusão, porque não existe individualidade, nem coletividade... existe unidade.

ou seja, as indagações que eu me fiz naquele momento são inúteis.

inúteis porque não têm razão de existir... por outro lado, úteis por me revelarem meus próprios bloqueios.

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Si alguno pregunta: "¿Cómo se opera la Unión, puesto que afirmas que sólo Él es? Una cosa que es única no puede unirse más que con ella misma". La respuesta es: En realidad, no hay unión ni separación, como no hay alejamiento ni aproximación. Se puede hablar de unión entre dos o más y no cuando se trata de una cosa única. La idea de unión o de llegada comporta necesariamente la existencia de dos cosas al menos, análogas o no. Si son análogas, son semejantes. Si no son análogas, forman oposición. Pero Allâh --¡que Él sea exaltado!-- está exento de toda semejanza, así como de todo rival, contraste u oposición. Lo que se llama ordinariamente "unión", proximidad o alejamiento, no son tales cosas en el sentido propio de la palabra. Hay unión sin unificación, aproximación sin proximidad y alejamiento sin idea alguna de distancia.

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Dormi a noite passada pensando em respirar (difícil respirar no outono seco...), em umidade, unidade, cachoeira... Voltei à Chapada dos Guimarães, encontrei o homem que não sabia boiar.

- O que eu lhe disse naquele dia era apenas uma ferramenta, útil apenas para agora. Mas é mentira. Na verdade, para boiar na água, você precisa ser a água. Porque a água não afunda nem se afoga em si mesma.

O homem pareceu meio confuso, mas já que comecei, o jeito era continuar...

- E na verdade, você já é a água. Você é Tudo. É o Todo. E por isso mesmo, não precisa temer.

Pensei mais um pouco.

- A ilusão de separação vem do medo de aceitar-me por completo. Só quando nos entregamos a nós mesmos por inteiro é que chegamos à noção de Unidade.

ASATO MÃ SAD GAMAYA
TAMASO MÃ JYOTIR GAMAYA
MRITYOR MÃ AMRTYUM GAMAYA
OM SHANTIH, SHANTIH, SHANTIH

4 comentários:

RodrigoOMartins disse...

Moça, seus dons mediúnicos tem se revelado depois da viagem, hein?

Gabi disse...

Não considero que são dons mediúnicos... Mas há uma sensação de maior integração. Estou descobrindo a Unidade!

RodrigoOMartins disse...

Pra mim, questão de nomenclatura e de considerar o primeiro uma faculdade a ser trabalhada por todos, como parte do segundo. ;-)
Não sei se você já leu ou conheceu, mas aproveite essa sua sensação e leia "Autobiografia de um iogue", de Paramahansa Yogananda. Além da narrativa da vida do autor (com passagens bem divertidas), você vai notar que ser "viajadeiro", abrindo os horizontes e a conexão com o Todo, vem de longa data!

Teo Ribeiro disse...

Gosto de ler seu blog, pena ter pouco tempo para isso! bjs