segunda-feira, 9 de junho de 2008

Viagens minhas de cada semana...

Acho que não tem viagem que eu tenha feito mais na vida do que o trajeto Campinas-São Paulo-Campinas.

Houve um tempo em que eu transitava por esse percurso de segunda a sexta feira: 200 km por dia, cinco vezes por semana, totalizando cerca de 5.000 Km por mês, o suficiente para ir e voltar de Rio Branco (capital do Acre, para os que perderam as aulas da 3a série) uma vez a cada um mês e meio! E creio eu que, caso eu tivesse tido a oportunidade de optar por ir e voltar do Acre a cada um mês e meio, minha vida teria sido mais interessante.

Em todo caso, esse tempo passou. Mudei-me para São Paulo e comecei a percorrer o trajeto São Paulo-Campinas-São Paulo uma vez por semana. O que tem seus prós e contras.

O maior contra foi ter-me tornado uma anfíbia. Meio lá, meio aqui. E meio caracol: o tempo todo carregando uma casa nas costas. Há tempos cheguei à conclusão de que minha verdadeira casa é a mochila, que eu praticamente nunca desfaço por completo. Vai roupa suja, volta roupa limpa (bendita seja a mamãe que continua cuidando das minhas roupas!). Ficam sempre nos bolsos da mochila escova de dentes, placa ortodôntica para não ranger os dentes, carregador de celular e umas duas calcinhas limpas. O que pesa mais não são os panos, e sim os papéis. Livros e artigos: muitos! Como pesa o conhecimento!

Apesar de percorrer esse caminho tantas vezes, até hoje não o conheço. Sempre fui de ônibus ou de carona, o que me faz viajar mais para dentro de mim do que para fora. Se não estou dormindo, estou conversando ou lendo ou imaginando mil coisas interessantes que me impedem de prestar atenção na paisagem ao meu redor. E até hoje ainda não sei direito dizer qual é a Bandeirantes e qual é a Anhangüera - por mais que eu tenha consciência de que são totalmente diferentes.

É impressionante notar a diferença de clima entre as duas cidades, relativamente tão próximas. Jundiaí é a linha divisória: o limite entre o cinza-azulado de São Paulo e o azul-amarelado de Campinas; entre o ar gelado de São Paulo e o calor abafado de Campinas; entre a necessidade do guarda-chuva e do agasalho, em São Paulo, e a necessidade da blusa sem manga, em Campinas; entre a cara amarrada e apressada de São Paulo e o sorriso de nariz empinado de Campinas; entre a Rainha de Copas e a Princesa d'Oeste.

E eu há seis anos vivendo no limite...

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá menina Gabi!

Muito interessante a sua idéia de criar um blog sobre a viagem! Pode ter certeza que frequentarei sempre que possível.

De seu depoimento inicial, tirei duas expressões extremamente poéticas:

1) minha casa é minha mochila

2) como pesa o conhecimento

Dariam dois inícios muito bons para dois poemas!

Por falar em Poesia, certamente ela te acompanhará por todo o caminho. Ótimo que você estará com seu notebook: substituto oficial dos blocos de anotação para os poetas modernos.

Tenha uma ótima viagem, menina poeta!

bjs

Jardel.

Anônimo disse...

Adorei seu blog novo! Estava com saudade dos seus textos gostosos de ler! Pode ter certeza de que continuarei acompanhando sua jornada rumo à Europa e ao interior de sua mente totalmente fora do convencional!

Você é muito talentosa, e tenho certeza que nos fará viajar um pouquinho com você! Nos perderemos na imaginação entre as linhas de seus textos, para lugares até mesmo místicos!

O cenário Campinas - São Paulo fica mais agradável numa descrição tão suave!

Muito legal! Sou seu fã. Beijos.

AnaKá disse...

Olha, muito legal! Muita gente deve se identificar... Minha casa é a minha mochila, traduz tudo!