domingo, 5 de agosto de 2012

10 coisas para você comer no Acre

Sabe aquele lance de turismo gastronômico? Pois é, muita gente vem para São Paulo para comer, ou curte comidinha mineira, nordestina... Mas pouco se fala sobre a comida da região Norte do país, menos ainda sobre comer no Acre!

Nas últimas férias que passei por lá, tive três ótimos guias turísticos para conhecer a gastronomia acriana: Maria Fernanda, Thiago e Rodrigo (este último só "come" leite materno, mas acompanhou bravamente todos os passeios). Quase todas as noites, a gente saía para comer alguma comida típica do Acre. Sendo assim, uso este post para compartilhar a incrível experiência. Se um dia você for ao Acre, olha só o que precisa experimentar:

1. Tacacá

O primeiro tacacá, a gente nunca esquece. Em 1998, meu primo e a então esposa me levaram a uma barraquinha. Achei muito diferente de tudo o que eu já tinha experimentado até então. A sensação era de que minha boca estava adormecida, como se a circulação sanguínea estivesse interrompida. Estranho, mas muito interessante!

O formigamento vem das flores de jambu. Me disseram que tem gente que mastiga a florzinha, só para dar essa sensação de amortecimento. Se peruanos mastigam folha de coca, por que acrianos não mastigariam flor de jambu, né?



Ingredientes: jambu (folha verde amazônica, também usada para o tucupi), camarões (importados do nordeste do país) e goma (uma espécie de gel transparente obtido da mandioca fervida). 
Onde comer: Tacacá da Base. Tem um quiosque dele no Parque da Maternidade.
Preço: uns 5 reais.

2. Rabada no tucupi

Comi uma excelente rabada no tucupi, feita pela Jacinta, empregada da minha tia há uns quase 30 anos. Já falei sobre isso em outro post, mas não custa repetir. O prato é parecido com tacacá, mas além de algumas diferenças no tempero, tem rabo em vez de camarão.


Ingredientes: rabo, jambu, cheiro-verde, tucupi (a água da mandioca, também conhecida como mandipueira), temperos variados. O jambu tem a característica de deixar a boca formigando, uma sensação que para alguns é agradável, para outros, nem tanto. Vale à pena experimentar. Se não gostar do formigamento, tome coca-cola que passa. 
Onde comer: a rabada da Jacinta e do Cido tem sido vendida no Espaço Cultural Palhukas, na R. Marechal Deodoro.
Preço: uns 5 reais o prato com rabada e arroz.

3. Quibe

Se você acha que é aquele feito de carne com trigo integral, está enganado. No Acre, o quibe é feito de arroz ou de macaxeira e recheado com carne moída.

Particularmente, gostei mais do quibe de macaxeira. Me pareceu mais macio e menos engordurado. Mas como não gosto de arroz, talvez eu não seja um bom referecial. Na dúvida, prove os dois!

No Mercado do Bosque, várias barraquinhas vendem os quibes. Na que nós fomos, a dona nem anotava o quanto a gente comia. Só ia fritando os quibes e colocando em cestinhas e a gente ia enchendo a pança... No final, fomos nós mesmos que fizemos a contabilidade e pagamos a conta.


Tive a oportunidade de fotografar as mulheres do Mercado do Bosque preparando o quibe de macacheira. Vejam que legal:

Preparando a massa

Enrolado e ainda cru

Depois de fritar

Ingredientes: carne moída, macaxeira, farinha, e deve ter mais alguma coisa para dar liga na massa.
Onde comer: Mercado do Bosque.
Preço: não mais que uns 2 reais cada um.

4. Tapioca recheada
É coisa do nordeste, mas também se integrou aos hábitos alimentares acrianos, provavelmente graças à forte migração.

Tem de todo tipo de recheio: queijo, carne, ovo, frango, calabresa, catupiry, carne seca, presunto, vegetais... ou até mesmo tudo isso junto! Fora as doces: banana, doce de leite, chocolate...

Melhor que essas, só mesmo as que comi na Tapiocaria de Natal - RN.

Ingredientes: massa de tapioca (em última instância, é feita de mandioca) e recheios diversos.
Onde comer: as melhores tapiocas, de acordo com meus parentes, são as de uma barraquinha no estacionamento do Supermercado Araújo do bairro Aviário.
Preço: varia entre uns 5 e uns 15 reais, dependendo do recheio.

5. Saltenha

O prato é típico dos países de colonização espanhola, como a Bolívia, mas a proximidade fez com que a saltenha se integrasse aos costumes do Acre, também. Você pode comer nas modalidades frita ou assada. A da foto é frita.


Ingredientes: massa parecida com a do pastel, recheio de batata e frango.
Onde comer: esta eu comi na Av. Epaminondas Jácome, numa portinha aberta perto do Mercado Velho. (Se você perguntar onde é o "Epaminondas", o povo costuma saber).
Preço: uns 2 a 3 reais.

6. Baixaria

Não, amigos, não vou falar de pornografia, nem de política: o assunto continua sendo comida. Baixaria é um prato típico, que geralmente se come no café da manhã (ou, quem sabe, quando você voltar de madrugada da balada com aquela larica...).

Em qualquer ocasião, esteja com muita fome e o sistema digestivo preparado para trabalhar, porque a quantidade de comida que vem é realmente uma baixaria!


Ingredientes: pão de milho esfarelado (parece uma farofa amarela), carne moída, ovos, cheiro verde.
Onde comer: Mercado do Bosque, ou qualquer cantinho meio sujinho pelo centro da cidade.
Preço: uns 5 reais.

7. Açaí

Paulistanos, em geral, adoram açaí, mas ouso dizer que nunca comeram o verdadeiro! Por aqui, o açaí costuma ser misturado com creme de leite, leite condensado, granola, etc. É gostoso, sim, mas vale à pena provar o original.

Para isso, passe no Mercado Municipal Elias Mansour (conhecido na minha família como "Mercado Fedorento", graças aos cheiros misturados de peixe, carne, vegetais diversos, rações e um esgoto a céu aberto que passa ali pertinho...). Aproveite bem o passeio, porque em cada metro quadrado você vai encontrar coisas do arco-da-velha, que certamente não verá no Mercadão de São Paulo.

O extrato de açaí é vendido líquido em saquinhos plásticos transparentes. O preço é cobrado por litro. A cor é vermelho forte, dá a impressão de que você está segurando uma bolsa de sangue. Deve ser conservado em geladeira ou congelador.

Chegando em casa, coloque o extrato em um recipiente menor, como por exemplo, uma caneca. E tempere o açaí.Sim, temperar o açaí é o termo usado por eles para indicar o acréscimo de açúcar, ou farinha de mandioca (de preferência a de Cruzeiro do Sul), ou alguma outra coisa que você prefira. Pessoalmente, sugiro temperar só com açúcar, o mínimo suficiente para quebrar o gosto amargo. Assim, você vai saber o que é açaí de verdade! Os de São Paulo são para os fracos...

8. Cupuaçu

Você já deve ter experimentado suco de polpa de cupuaçu congelado, certo? Pois é, o gosto do cupuaçu é esse mesmo, meio azedinho. E no Acre, essa fruta dá aos montes e serve para fazer muitos pratos: sorvetes, bolos, cremes, pavês, bombons, doces...

O doce de cupuaçu costuma ser vendido em rolinhos, que se chamam "salame de cupuaçu".


Se você nunca viu a fruta, não vai saber comê-la. Minhas pesquisas chegaram a um bom passo-a-passo, no blog Receitas da vovó Cristina. Vale à pena conhecer o procedimento, que envolve, entre outros objetos, uma imprescindível tesoura!

9. Abacaxi de Tarauacá

Não sou bióloga nem especialista em abacaxi, mas acredito que os de Tarauacá (cidade na fronteira do Acre com o Amazonas) estão entre os maiores do mundo. Chegam a pesar 7 ou 8 quilos, ou até mais. Vejam na foto abaixo, retirada do  site do Sindicado dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Tarauacá, a proporção do abacaxi em relação aos trabalhadores:


E o melhor é que esses abacaxis são muito, muito doces, praticamente sem acidez. Na verdade, todos os abacaxis que comi no Acre (mesmo os que não são da Tarauacá) são excelentes, muito melhores que os de qualquer outro lugar que eu já tenha conhecido. Não sei qual é o segredo, mas se tem coisa que acriano sabe fazer é cultivar abacaxi!

10. Farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul

Sou uma grande apreciadora de farinha. (A de mandioca, hein, gente, não me compliquem!). Meu armário da cozinha é cheio de farinhas de mandioca de vários tipos, e a minha preferida é a de Cruzeiro do Sul - AC. Felizmente, a tia sempre faz o favor de renovar meu estoque quando vem para São Paulo.

A diferença é que a farinha de Cruzeiro do Sul é mais amarela, mais crua, não muito torrada, e tem grãos grossos e duros. Minha avó paterna, que não curte muito, diz que a textura é de areia... Concordo com ela, e ainda acrescento que é areia com umas pedrinhas pequenas. Mas que posso fazer se o gosto da areia é magnífico?

É uma farinha ótima para se colocar no feijão, ou misturar na sua rabada no tucupi, ou quem sabe (se você tiver coragem) usar para temperar o seu tacacá.

Enfim, a culinária acriana é riquíssima e recomendo fortemente! Se você não arranjou ainda um motivo para ir para o Acre, a comida pode ser uma boa desculpa. E vou parando por aqui, que esse assunto está me dando fome (e, no momento, estou de regime).

 ***
Meus agradecimentos a Maria Fernanda (Neca), Thiago e Rodrigo Brasil, que nos apresentaram a culinária acriana! E à Jacinta, pela rabada no tucupi.

14 comentários:

Anônimo disse...

Ola Gabi!
Muito legal seu post sobre meu querido Acre :)
Sou amiga da sua prima (Fernanda)
Abraços

Anônimo disse...

Ola Gabi!
Muito legal seu post sobre meu querido Acre :)
Sou amiga da sua prima (Fernanda)
Abraços

Leonardinho do Funk disse...

delícia baby! http://www.facebook.com/leoaraujofarias

Sílvia disse...

Puxa, Gabi, gostei muito de seus comentários sobre o Acre, minha terra mas fiquei triste pois não ví seu comentário sobre o nosso famoso mingau de banana com farinha de tapioca, nem sobre o nosso delicioso biscoito de goma, este último feito exclusivamente em Cruzeiro do Sul, Acre!!! Na próxima vez que vier não deixe de experimentar, vc vai gostar com certeza.

Gabi disse...

Oba! Aceito as dicas, Sílvia! Da próxima vez, vou procurar mais essas delícias!

Jorge Ramiro disse...

Isso é uma iguaria. Eu sempre como este prato em ums restaurantes em moema. Eles preparam um quibe delicioso.

Unknown disse...

Show!

morgana disse...

ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii seu jeito divertido é admiravel de falar do meu ACRE é das nossas delicias........sou Acreana que mora em Natal

Unknown disse...

Olá, Gabi. Ainda sou acreano, os mais novos são acrianos, por causa do acordo ortigrafico. Comi muito quêbe na minha infância. Isso mesmo, quêbe, de arroz ou macaxeira (mandioca). Para a gente daquela época, quibe era só o de trigo, coisa rara no Acre de então. Adaptação, por certo, que a imigração libanesa foi obrigada a fazer tendo em vista a dificuldade de obter o trigo. Vivo e. B Brasília há 44 anos

Cleudo Souza disse...

Oh...saudades de minha terra querida..

Cleudo Souza disse...

Oh...saudades de minha terra querida..

Cleudo Souza disse...

Oh...saudades de minha terra querida..

Unknown disse...

Moro no Ceará a 30 ano mais nuca esqueci da minha terra mamada. Um dia eu volto

Unknown disse...

Sou Acreana natural de Rio branco , morro aqui no Rio de janeiro ha 4 anos sinto muita faltas das comidas temperos meu amado tacaca rabada saltenha .etc. Beijos