Passo agora para a parte útil aos viajantes: a descrição dos sítios arqueológicos do roteiro do city tour.
Para fazer esse passeio, é preciso ter o boleto de turismo, que pode ser comprado nas agências de turismo ou diretamente em alguns postos de venda espalhados pela cidade. Recomendo comprar o boleto integral, que custa 130 soles (para estrangeiros) e dá direito a visitar, durante uma semana, 16 sítios arqueológicos próximos a Cusco, incluindo os roteiros do city tour e do Vale Sagrado. Acaba saindo mais barato que comprar as entradas para os passeios individualmente. Mais informações sobre boleto turístico aqui.
Sem mais delongas, aqui estão os locais do city tour cusquenho:
1. Catedral de Cusco (entrada não está incluída no boleto de turismo). Como já conhecíamos a Catedral, optamos por encontrar o grupo na saída dela, às 14:20, para continuar o passeio.
2. Qoricancha (entrada também não está incluída no boleto de turismo). Fica na Avenida El Sol, uma das principais do Centro Histórico. Trata-se de um antigo templo inca, demolido e transformado pelos espanhois em templo católico. No caso, virou monastério. Mas ainda se veem as ruínas das construções incas, com o que restou dos templos do sol, das estrelas, do arco-íris. Vou descrever mais detalhes em outro post (aproveitarei para falar do pequeno, mas impressionante museu de Qoricancha).
3. Sacsayhuaman. De todo o roteiro do city tour, esse é o local de que mais gosto. Cusco foi construída pelos incas na forma do animal puma, e Sacsayhuaman seria a cabeça do animal. Fizeram três enormes muralhas de pedra, representando os três mundos: céu, terra e intraterreno. E de lá de cima, se vê a cidade de Cusco, inclusive a Plaza de Armas. Nesse sítio também está a enorme e famosa Pedra de 11 Ângulos. Mais detalhes estão aqui neste post que escrevi quase dois anos atrás.
4. Quenqo. É mais um local sagrado para os incas. Entrando no sítio arqueológico, já se vê uma pedra grande, de formato fálico. Essa pedra, de acordo com o guia turístico, era praticamente um calendário que indicava as estações seca e úmida ao longo do ano. Na foto a seguir, a parte de baixo costumava ter um espelho d'água. Quando a sombra da pedra estava sobre a água, Cusco estava em sua estação úmida. E quando a sombra batia sobre a rocha (à direita na foto), estava na estação seca. Assim, ficava mais simples planejar os ciclos de plantio e colheita, visto que os incas eram grandes agricultores.
A pedra-calendário, cuja sombra indicava as estações
Outra particularidade de Qenqo é uma gruta, dentro da qual se encontra um altar de sacrifício (lhamas eram sacrificadas em datas especiais). De acordo com o guia, essa gruta representa o mundo intraterreno e o animal serpente, que o regia. É possível subir na pedra que cobre a gruta, e então se vêem rochas diferentes, que parecem esponjas. Explicaram-me que essas rochas são vulcânicas, se formaram antes mesmo da separação dos continentes e são do tempo em que aquele local era um grande lago, coberto de água.
As pedras esponjosas e vulcânicas de quando Cusco era um grande lago...
5. Puka Pukara. Seu nome significa Fortaleza Vermelha. De fato, as paredes são avermelhadas. Dizem que o local tinha funções militares, e que pode ter sido pouso para guerreiros em trânsito. A arquitetura é menos complexa que as que vimos em sítios como Qoricancha ou as paredes próximas a San Blás, que já descrevi. As pedras de Puka Pukara são bem menores e não são esculpidas. A arquitetura mais trabalhada era deixada para os locais sagrados.
Entrada de Puka Pukara, a fortaleza vermelha
6. Tambomachay. Os incas contavam com um ótimo sistema hidráulico, e Tambomachay é repleto de fontes. Dizem que quem bebe dessa água, ou quem lava o rosto com essa água, nunca envelhece. Ditos à parte, parece que pesquisadores constataram que é uma água rica em sais minerais. Atualmente, já não se pode beber, porque também constataram que não é potável. Mas há um cantinho em que conseguimos molhar as mãos e passar a água no rosto, e agora tenho desculpa para ficar sempre com esse meu rostinho maravilhoso de menina de 15 anos rs... Os guias disseram que a cerveja Cusqueña é feita com água de Tambomachay. Verdade ou boato, experimente a Cusqueña, que é boa demais!
As fontes da juventude de Tambomachay
7. Mercado de artesanato. Praticamente todos os passeios, com qualquer agência, envolverão uma paradinha para comprar artesanato. Os guias parecem já ter convênio com os artesãos locais. Geralmente, esses mercados terão preços ligeiramente superiores aos que encontramos nas ruas de Cusco, mas a qualidade das roupas também é, em média, melhor. Os artesãos costumam adorar "regatear", isto é, pechincar. Portanto, não tenha vergonha de sugerir um preço mais baixo. Aproveite para tomar um chazinho de coca na faixa, pois os artesãos costumam oferecer como cortesia aos grupos grandes de turistas.
Gosto muito desse passeio. O único problema é que a guia corria feito doida, tentando cumprir os horários, pois são muitos locais para se visitar em 4h. Quando fiz o city tour em 2010, chegamos em Tambomachay já no escuro e não deu para ver muita coisa. Esse é um defeito que sempre encontro nos passeios com agências de turismo. Sempre que posso, tento ir aos locais por mim mesma, mesmo que para isso eu tenha que pegar transporte público. Pelo menos vejo as coisas com calma. Mas para quem tem pouco tempo, como era nosso caso dessa vez, o city tour vale à pena.
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