A caminho de San Blás, um guia turístico nos abordou e começou a dar explicações sobre a pedra de 12 ângulos. É uma pedra que fica num muro construído pelos incas, na calle Ratum Rumiyoc. Essa pedra exemplifica uma característica da arquitetura religiosa inca: tudo se encaixa perfeitamente no todo. É como se cada pedra fosse peça de um grande quebra-cabeças, que deve ser montado sem cimento ou argamassa. E para se encaixar em todo o resto, essa pedra de algumas toneladas foi esculpida de modo a formar um polígono de 12 arestas (e, consequentemente, 12 ângulos).
Pedra de 12 ângulos
O guia também nos mostrou outras maravilhas da cultura inca: uma outra parede em que as pedras formam um puma e uma serpente. Ele disse que, no dia 21 de junho de cada ano (ou seja, no solstício de inverno), às 8h da manhã a luz incide no muro de tal maneira, que o puma fica bem visível. E às 10h, a serpente é que aparece. Cada imagem dura apenas alguns segundos. A parede com essas imagens está na foto abaixo. Desafio vocês a encontrarem a puma e a serpente. Assim que eu voltar para Campinas, pego com minha mãe os postais que compramos, que mostram essa parede no solstício. Posso escanear para mostrar para vocês em um futuro post.
Encontre o puma e a serpente na parede abaixo!
Apenas explicando: os incas consideravam que três animais eram sagrados: o puma, que era o deus da superfície da terra, onde vivemos; o condor, que era o deus do céu; e a serpente, deus do mundo intraterreno, subterrâneo. Assim, a parede representa, no solstício, dois animais sagrados.
O guia também nos levou até outra parede, que foi parcialmente demolida pelos colonizadores espanhois, aparentemente à procura de ouro. Não encontrando nada, resolveram reconstruir a parede, mas claro que não conseguiram fazer nada parecido com o trabalho dos incas. E assim, aquele canto foi usado como cenário para uma das cenas do filme "Diário de motocicleta", em que mostram a Che Guevara o trabalho dos Incas e o trabalho dos "Incapaces", ou seja, dos espanhois.
Ao centro, muro feito pelos incas. Nas laterais, muros feitos pelos "incapaces" espanhois.
Depois de nos explicar tudo isso, claro que o guia pediu sua contribuição financeira. Os guias, por lá, costumam ser universitários que sobrevivem a partir das gorjetas dos turistas. Esse que nos recebeu era estudante da Belas Artes de Cusco e aproveitou para mostrar seus lindos quadros representando a cultura inca. Infelizmente, não tenho dinheiro para comprar obras de artistas que encontro por aí... mas desejo boa sorte ao colega!
Seguimos adiante e encontramos um lugar para tomar um bom café da manhã de ovos mexidos com torrada, e tomamos também nosso primeiro "mate de coca" para espantar o soroche. Agora as coisas subiram de preço, pois Cusco está cheia de turistas internacionais trazendo dólares, euros e reais para inflacionar o mercado. Almoço por 5 soles, não mais!
Continuando o passeio, seguimos para a Catedral de Cusco, que fica para o próximo capítulo.
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