domingo, 25 de abril de 2010

Velhice precoce

Há uns 5 anos, mais ou menos, escrevi este poema para o concurso do CPAC (Centro de Poesia e Arte de Campinas), que tinha "Crepúsculo" como tema. A classificação em 3o lugar foi a melhor que eu tinha obtido até então, o que me deixou muito contente! Quem declamou o poema na premiação foi o Dr. Alcy Gigliotti, que eu ainda não conhecia. Hoje sei a honra que tive...
Ao final da declamação, Dr. Alcy me disse: "Eu achei que o autor do poema fosse um velhinho, de cabelos brancos. Agora vejo que é a autora mais novinha..." Acho que, nesse soneto, consegui dar voz para essa velhinha chata de mais de 100 anos que nasceu junto comigo em 1984. Essa que de vez em quando ainda pega no meu pé, fala na minha orelha e não me deixa ir para a balada.



Crepúsculo


Quando no céu o rubro raio pinta
E anuncia que a tarde está no fim,
O branco dos cabelos meus tilinta
Em meus ouvidos, a zombar de mim.

E quando os anjos, com pincel e tinta
Vêm colorir as nuvens de carmim,
Lembro que foi na década de trinta
Que eu ao mundo, por vez primeira, vim.

Tenho agora uma dor em cada músculo:
Tal como o dia, eu chego ao meu crepúsculo
E o cansaço se torna meu algoz.

Mas bem sei que, depois da madrugada,
Novo sol nasce, tempo é de alvorada
Que reluz, esperando todos nós.

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