quarta-feira, 19 de maio de 2010

Marginal

O carro
Parado
Apressado
No trânsito
Pesado

O cheiro
Podre
Do morto
Pesando
No ar

No leito
Espera
O eleito
Que venha
Limpar

Ou que
Lhe tenha
Piedade
E um dia decida
Enterrar

A gente
Passa
Afobado
Parado no trânsito
Congestionado

Diante
Do defunto
Gigante
Que não há caixão
Para acomodar

E fecha
A janela
Do carro
Tapando o nariz
Batendo o cigarro

O morto
E as moscas
Repousam
No leito
Turvo

O trânsito
Abre e
A gente
Se vai
Sem olhar

Em vez
Do cheiro
Mórbido
É cheiro de alívio
Que paira no ar

Nenhum comentário: