terça-feira, 25 de maio de 2010

Morte: a cidade oprimida no hábito aceso

Silêncio. Velas acesas. Penumbra. É noite. Só se vêem pontos vermelhos luminosos: olhos e brasas, olhos em brasa.
Pessoas sentadas nos cantos. Olham-se sem se ver. Não falam. Não se mexem. Todos de negro. Velório. Não há caixão. Mas há defuntos. Mortos no gozo. Pulsão de morte. Cheiro de morte com gosto de unhas. Olhos parados. Corpo flácido. Fim de consciência.
Sem ação. Sem interação. Seres inertes. Gozando o silêncio. Gozando em silêncio. O silêncio goza deles. Pois sabe que em breve será eterno. Sono eterno. Sono profundo. Alguns dormem. Todos sonham. Sonhos gozados.
Gozo sombrio. Gozo de morte. Gozam da morte. A morte goza deles. Gozo proibido. Gozo velado. Velas na penumbra. Gozo distante. Gozo forçado. Gozo solitário. Masturbação.

2 comentários:

Unknown disse...

Caramba!!! Muito bom esse texto!

Vicente Izidro disse...

Ual! Amei!