domingo, 6 de julho de 2008

Os famosos museus...

Sabem aquela sensação de barriga cheia depois de comer demais? Senti algo semelhante ontem à noite. Fiquei com os olhos cheios (e olha que o olho é maior que a barriga). Vi coisas demais, ainda estou fazendo a digestão.

Mercredi e vendredi (4a e 6a feira) o Louvre é gratuito para menores de 26 anos, após as 18h, segundo o Pariscope. Fui até lá ontem. Pela primeira vez, andei por Paris desacompanhada. Despedi-me da tia Lena na estação de metrô e peguei a linha certa até a estação certa. Saindo de lá, quem disse que eu sabia para onde ir?

Fui andando a esmo procurando alguma coisa conhecida. Acabei saindo num jardim maravilhoso... Havia uma pérgula onde as pessoas descansavam, conversavam ou namoravam e as crianças jogavam bola ou brincavam de pegar. Uma fonte, muitas flores, galerias formadas por árvores, paz...

Fiquei andando por lá, ao mesmo tempo admirando o lugar e procurando alguma indicação para o Louvre. Foi quando um senhor negro de terno me disse bon jour. Respondi. Obviamente, meu sotaque o fez perceber que eu era estrangeira. Ele espontaneamente começou a falar em inglês comigo, muito animado. Perguntou de onde eu era, pareceu empolgado quando eu disse que era do Brasil. Quis saber se eu era de Brasília ou Rio de Janeiro, quantos dias eu ficaria em Paris, onde estava indo agora. Explicou-me como se vai ao Louvre e informou onde eu estava: Jardin du Palais Royal.

Com as informações do simpático senhor, cheguei às Pyramides. Lindas, reluzindo sob o forte sol das 17:30. Sozinha, comecei a fazer vários experimentos até conseguir tirar uma foto de mim mesma na qual as Pyramides aparecessem.

A foto que consegui tirar:


Desci as escadas rolantes até o Louvre. De fato, entrada gratuita: era só mostrar o Passaporte. Peguei um mapa do museu. Procurei a parte de Grécia e Egito. Nada como as antiguidades bem antigas...

Achei facilmente a parte da arte grega, romana e etrusca. Estátuas enormes de deuses e heróis estavam dispostas em um enorme salão. Um? Depois fui vendo que havia outro, e outro, e outro, com estátuas maiores ainda, outras menores, outras em miniatura. E um monte de vasos gregos ocupavam umas quatro ou cinco salas. E em outra havia mais esculturas, e tapeçarias, cerâmicas, e... a coisa não acabava mais! Isso para não falar na riqueza da decoração das salas, em si. Quase todos os tetos são pintados com motivos clássicos. Nas paredes, pinturas e esculturas. O pé-direito do lugar deve ter, sei lá, umas 5 ou 7 Gabis uma em cima da outra (meu senso de distância é ruim, por isso imagino como unidade de medida o meu próprio corpo, que tem quase um metro e meio). E no Egito, também, eu me perdi por uma série de incontáveis Isis, Hórus e Atons, faraós, escribas e papirus.


Tipico teto do Louvre:

Percebi que eu teria que criar algum método para ver o museu. Sentei, tracei um caminho no mapa e fui seguindo-o. Eu riscava cada sala pela qual passava, para saber o que já tinha visto e o que faltava ver. Desse jeito, percorri a maior parte das sessões sobre Grécia e Egito. Magnífico! Eu mal sabia onde colocar os olhos.
Na sessao egipcia do Louvre:

Na sessao grega do Louvre:
Um grande salão não estava nem em Grécia, nem em Egito, mas fui ver porque ficava no caminho. Sala Apolo, era o nome. Uma enorme galeria toda decorada, do chão ao teto, incuindo todas as paredes. Mal prestei atenção aos objetos que estavam expostos: fiquei mesmo impressionada com a sala, em si. Percebi que os motivos da junção entre a parede e o teto eram os meses e os signos. Cada um doze avos de sala tinha pinturas e esculturas retratando um mês, um signo e uma figura ilustre (arquitetos, pintores, escultores...). Eu quis tirar foto do menino lutando com um caranguejo, no signo de câncer, mas a distância e a iluminação vinda das enormes janelas atrapalharam. Nenhuma ficou boa.

Em um certo momento, errei o caminho e fui parar numa espécie de porão. Coisa mais estranha! Não havia obras de arte, apenas paredes feitas de pedra, em estilo medieval. Uma série de túneis me levaram ao fim de um corredor, onde havia uma maquete do Louvre. Enquanto eu andava pelas galerias escuras procurando a saída, pensava: lugar mais bizarro!

Meu passeio pelo Louvre durou três horas e meia. Parei para descansar e beber a água que sempre levo na bolsa apenas umas duas vezes, e essas paradas não duraram mais que dois ou três minutos. Ainda assim, eu vi apenas a parte de Grécia e Egito, que é bem pequena em comparação com a totalidade do museu. Nem cheguei a ver as pinturas renascentistas e a tão famosa Gioconda. Essa parte ficará para outro dia. Mercredi, provavelmente.

Saí de lá realmente cansada de andar e de ver coisas. Detalhe: eu só havia almoçado salada, umas três da tarde. Já eram dez da noite. O sol, embora estivesse se pondo, ainda estava quente e eu estava toda suada.

***

Saindo do Louvre, custei a achar uma estação de metrô. Quando encontrei, cheguei direitinho na estação École Véterinaire du Maisons-Alfort, que é próxima (mas não muito) à casa do Françóis. A casa dele fica em Maisons-Alfort, uma cidade da "Grande Paris". Eu tinha combinado que telefonaria quando chegasse, pois se fosse possível, ele iria me buscar. Estava escuro (finalmente), pois já eram onze da noite.

O telefone público estava quebrado. Procurei outro. Apareceu a mensagem: "Recherchez", ou algo assim. O cartão que o Françóis me deu já havia acabado (acredito que "recherchez" sinifique "recarregue"). Tentei procurar instruções para ligar a cobrar. Não havia (ou eu não entendi em francês, mas acho que não tinha mesmo, porque tenho achado o francês escrito compreensível).

Desci as escadas até o metrô. Pouca gente estava lá essa hora. Fui ao balcão de "information". Falei "bon jour", expliquei em francês que eu era brasileira e expliquei minha situação. Ela começou a falar em francês bem rápido. Entendi que o cartão estava vazio. Eu perguntei em inglês como faço para telefonar sem cartão (não tenho idéia de como se fala ligação a cobrar em inglês). Ela falou mais um monte de coisa rápida em francês, mas entendi que não dá para ligar sem cartão. Novamente, eu disse que sou brasileira e que não estava entendendo. Ela respondeu que sabe que eu sou brasileira, mas na França se fala francês e não inglês. Como foi que entendi o francês rápido e mal humorado da mulher? Sei lá... Acho que já estou pegando o jeito. Bom, a mulher definitivamente não queria me ajudar (fuck you, bitch!), então saí do metrô e fui pedir "information" na rua.

Encontrei um casal. Logo que eu disse "Pardon", o rapaz já sacou que eu sou estrangeira e perguntou: "Do you speak English?". Alívio! Expliquei a situação e ele me emprestou o celular. Eu disse que não precisava, que eu só queria aprender a usar o telefone público, mas ele fez questão. Atitude absolutamente contrastante em relação à da mulher do metrô.

Em Paris, como em qualquer lugar, há pessoas muito diferentes. A fama é que eles não gostam de estrangeiros. Parece que isso tem fundamento, embora eu não consiga imaginar o que seria da economia da cidade se todos os imigrantes e todos os turistas saíssem de lá. Mas existem pessoas muito simpáticas, também, como o senhor do Jardin du Palais Royal e o rapaz que me emprestou o celular.

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Antes de ir ao Louvre, fui com a tia Lena à Operá de Paris, para tentar comprar ingresso para o Ballet. Os mais baratos já haviam sido vendidos, mas decidi ir mesmo assim. Não sei quando terei essa oportunidade novamente, e já tenho economizado tanto...

O prédio da Operá é maravilhoso! Eu mal sabia distinguir a frente, os lados e os fundos: todos são extremamente detalhados na decoração, com esculturas em estilo clássico. Há bustos, por toda a volta, de figuras ilustres, como Mozart, Bach e mais um monte que eu nunca tinha ouvido falar.

Só para entrar e conhecer o local, é preciso pagar quinze Euros. Pode deixar que vou conhecer em grande estilo, quando for lá para ver o Ballet! :-)

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Depois da Operá, fomos almoçar. A tia me levou para conhecer lojas de departamentos. Confesso que, a princípio, pensei: mas eu vou ficar vendo lojas de departamentos em Paris, onde tem tantas outras coisas para ver? Logo entendi qual era a graça. Chegamos ao Printamps. O local está em reforma, mas bonitos painéis imitam a fachada do local (uma imitação tão boa que eu só percebi que eram painéis quando cheguei bem perto). Eu não diria que aquilo é uma loja! A fachada do prédio parecia renascentista. Dentro dele, roupas, perfumes, coisas para casa, maquiagem, jóias - tudo caríssimo, das grifes mais chiques. Eu não sou chegada em ver loja, mas confesso que dessa eu gostei. Realmente, coisas muito bonitas estavam a venda. O casaco que eu gostei custava 8.740 Euros. Esse valor é simplesmente muito, mas muito maior do que o que eu trouxe para cá para passar um mês!

Subimos ao último andar, que é um restaurante. O teto é uma abóbada de vitrais toda trabalhada. Lindo! O restaurante, como não podia deixar de ser, é caro. Pedimos uma salada para dividir, água (de torneira, que é de graça, mas muito limpa e boa) e cafezinhos. Parece pouco, mas saí de lá saciada. A comida daqui é muito boa e, como diríamos no Brasil, "bem servida".

Abobada do teto do Primtamps:

De lá, fomos na Lafayete - outra loja chiquérrima. As sessões ficam em mesaninos e as paredes também têm uma decoração em estilo clássico. Fiquei pensando que se as lojas do Brasil fossem assim, eu até me animaria mais a ver vitrines. Talvez até parecesse uma mulher de verdade, dessas que costumam ir a lojas com alguma freqüência "só para olhar".

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Hoje fui visitar outro museu: le Museé d'Orsay. Não é tão grande quanto o Louvre, mas também não acho que dê para ser visto em uma visita só. É emocionante ver originais de obras famosas, como as de Monet, Renoir, Cezanne...

Quando vejo arte clássica ou renascentista, principalmente esculturas, fico mais feliz com meu próprio corpo. Todas as "modelos" têm seios pequenos, quadris largos, bubum avantajado e uma barriguinha. Ou seja, meu corpo serviria muito bem para ser modelo de arte clássica. Talvez se as meninas parassem de ver TV e começassem a freqüentar museus, teríamos menos problemas de anorexia. Elas veriam o quanto é belo o corpo humano não-esquelético...

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Aqui em Paris, o tempo está quente e seco. Todos os dias acordo com o nariz e a boca secos. Normalmente, esse timpo de tempo intensifica minhas crises alérgicas. Fico espirrando sem parar. Mas ontem de manhã percebi que não espirrei nenhuma vez desde que cheguei até aqui!

Lembrei de um detalhe interessante: alguns anos atrás fiz exames de alergia e descobri que sou aérgica a ácaro, mas apenas um tipo especial desse aracnídeo maldito: um ácaro brasileiro, que não existe em outra região do mundo.

Pude comprovar essa estranha explicação do médico agora que estou na França. De fato, aqui não tenho alergia, não espirro, não fico com o nariz entupido, mesmo estando num tempo muito, mas muito seco!

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Francois é um excelente cozinheiro! Ontem comi o melhor fondue da minha vida (alias, A melhor fondue, porqueele me disse que em frances, fondue é uma palavra feminina). Tomamos tres garrafas de vinho em quatro pessoas. Comemos sorvete de frutas vermelhas de sobremesa. Sem comentarios, isto aqu esta otimo!

2 comentários:

Luizinho disse...

Gabriela! Voce se perde saindo da minha casa! Imagino como foi em Paris!!! rsrsrs
Estou lendo tudo o que se passa por ai e fico muito muito muito feliz com tudo o que voce conta!! Muito feliz mesmo por voce!

Anônimo disse...

Gabiiiiiiiiiiiiiii!
Pq parou? Parou pq? Acordar, abrir o seu blog e não achar nada me frustra!

Continue a escrever fazendo o favor? Nós precisamos disso muito!

bjz

Lia
PS: Em SP, feriado. Sexta, vou pra Itália! Ai, caramba!