quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Recalculando a rota


Tenho muita coisa a contar após a passagem por Água Boa e a confusão dos horários. Passei por Cuiabá, andei um pouco no centro histórico, tirei fotos. Vim a Cáceres e, enfim, segui para Corixa, fronteira com a Bolívia. De lá fui a San Matias, de onde eu deveria pegar um ônibus a Santa Cruz de la Sierra. Deveria.

O povo se revoltou na Bolívia, devido a uma certa ponte que estava em péssimas condições, perigando cair e matar quem estivesse em cima. Botaram fogo nela e estão exigindo que o governo invista em uma nova ponte. Por isso fecharam todos os acessos a Santa Cruz, fizeram "bloqueos".

De qualquer maneira, cheguei a Corixa, fronteira entre Brasil e Bolívia. Saí do Mato Grosso da mesma maneira que entrei: a pé. Passei pela fronteira, cruzei o bloqueo (vale apenas para carros, não para andarilhos). Precisava ir a San Matias, que fica a 7 km de lá. Já estava achando que teria que andar tudo isso a pé, quando um taxista se ofereceu para levar-nos (eu e outras 3 pessoas).

Chegando lá, foi um susto. O povoado todo fechado. TODO. Inclusive restaurantes, farmácias, padarias, bares. A migración também estava fechada, não tinha como obter a permissão para ficar no país. Disseram-me que era uma paralização ("el paro") de 24 horas e que certamente se resolveria no dia seguinte. Resolvi dormir lá e pegar ônibus para Santa Cruz na próxima manhã.

Não foi fácil. A cidade tem uma energia pesadíssima. Poucos hotéis (e ruins). O povo todo querendo me passar a perna na troca de moeda. Homens nojentos me olhando com cara de "quero te comer". Aliás, comer era um problema, porque tudo estava fechado. Não tinha nem onde comprar água. Vou relatar com mais detalhes em outros posts essa minha rápida estada em San Matias, que no entanto parece ter durado muito tempo.

Resumindo, a greve continua hoje e voltei a Cáceres. Nem isso foi fácil, porque os táxis não estavam operando. Acabei conseguindo convencer um motoqueiro a me trazer, em troca de alguns bolivianos. E vim de moto, 7 Km de estrada de terra, com uma mochila de 10 Kg nas costas e outra de 2Kg pendurada na frente, sem capacete (proteção é coisa de brasileiro).

Aliviada por pisar em solo brasileiro e sair da zona de conflito, fiquei aqui repensando a rota. Decidi não entrar de novo na Bolívia. Além do trauma, tenho que pensar no tempo, que agora é curto. Foram muitos atrasos. E também seguir a intuição, que me manda passar longe desse lugar por enquanto. Fica para a próxima...

Vou para Cuiabá daqui a pouco, pegarei um avião para Rio Branco (AC). Lá vou visitar meus parentes (sim, tenho parentes no Acre), ver a cidade por onde não ando desde 1998. Em seguida, parto de ônibus para Cuzco. A volta está prevista para 29/10, com conexão de 12h em Lima (vou poder passear lá também). E chego em São Paulo dia 30, a tempo de votar.

Estou meio frustrada por não conhecer a Bolívia desta vez, mas numa viagem como esta é preciso estar pronta para imprevistos e, consequentemente, adaptações.

Assim que possível mando a vocês o relato completo da minha (terrível) experiência em San Matias, inclusive com as fotos.

Um comentário:

Tania regina Contreiras disse...

Imprevistos empre fazem parte das aventuras..rs..né? Mas ainda bem que vc teve o bom senso de não insistir: quando o negócio não flui, melhor mesmo é mudar a rota, já dizia meu falecido pai.
Vai dando notícias e se cuida!
Beijos