terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ollantaytambo


O sítio arqueológico de Ollantaytambo também é repleto de terraços e monumentos arquitetônicos de pedra. Porém, a cidade não chegou a ser concluída, porque estava em processo de construção na época das invasões espanholas e os incas foram forçados a abandonar o canteiro de obras. O Templo do Sol ficou pela metade, mas pelo que permaneceu dele, já se vê que perdemos muito em não podermos ver o resultado final.

Na forma e localização de cada monumento, revela-se a habilidade dos incas para a astronomia. No alto de uma montanha, duas faces estavam sendo esculpidas. Uma delas aparece de perfil na da figura abaixo. Consegue enxergar?

Face esculpida na encosta da montanha

Se não conseguiu, vou dar uma ajuda: aqui está a ampliação.

Face esculpida na encosta da montanha (ampliada)

O que isso revela sobre conhecimentos de astronomia? Todos os anos, no dia 21 de junho (solstício de inverno), o sítio arqueológico de Ollantaytambo amanhece coberto por sombras, provocadas pelas montanhas que circundam o vale. O sol nasce exatamente no olho do rosto esculpido na montanha e os primeiros raios da madrugada iluminam uma pequena faixa no vale, que corresponde exatamente ao espaço ocupado pelo germe do que seria o Templo do Sol. Do outro lado da montanha, os mesmos raios iluminam, de forma certeira, uma das três portas de um outro templo, que infelizmente não cheguei a conhecer. Essa peripécia foi uma das pistas que fizeram pesquisadores concluírem que o rosto foi mesmo esculpido, não se tratando de coincidência ou formação natural.

Outra face estava sendo esculpida em Ollantaytambo no momento em que os incas, pressionados pelos espanhóis, abandonaram o canteiro de obras. Aparentemente, era o rosto de um velho. Está bem no centro da foto abaixo.

Outra face esculpida na montanha

Também na encosta dessa incrível montanha, encontram-se os armazéns de grãos. Por que num local de tão difícil acesso, pensei eu... O guia leu meus pensamentos e explicou: os ventos frios que sopram nas regiões de altitude mais elevada ajudavam a conservar os alimentos.

Armazém de milho, notem que é próximo à face esculpida

O que também impressiona em Ollantaytambo é o tamanho das rochas que foram usadas nas construções. Algumas delas chegam a pesar cerca de 300 toneladas. Pesquisadores concluíram que elas não são daquela região. Por sua composição, só podem ter sido trazidas de uma outra montanha, bem mais distante, e os incas se deram ao trabalho de trazê-las até lá e esculpi-las, dando-lhes formatos cúbicos ou de paralelepípedo. A outras pedras como essa foram atribuídas outras formas, de forma que pudessem ser perfeitamente encaixadas nas construções que se erguiam. Estima-se que mais de cem trabalhadores incas eram necessários para remover apenas uma rocha como essa. Homens que trabalhavam em regime de quase-escravidão, para saldar dívidas.

Uma das "pequenas" rochas que os incas carregaram por quilômetros

A visita a Ollantaytambo valeu muito a pena, mas devo confessar que minhas pernas estavam me matando para subir os diversos degraus do sítio arqueológico. Não que eu me importe com degraus em situações normais, mas um dia depois de subir e descer Waynapicchu, era realmente uma tarefa árdua.

Aos viajantes que futuramente pretendem ir a Cuzco, recomendo visitar o vale sagrado antes de ir a Machu Picchu. É até mais fácil, porque de Ollantaytambo partem os trens para Águas Calientes. Assim, combinando direitinho com a agência de turismo, não é preciso voltar até Cuzco: o pernoite pode ser feito em Ollantaytambo.

Mas tentem combinar o passeio de forma a não perder a chance de ir a Chincheros, o local que visitamos por último. Vejam comentários sobre esse povoado encantador no próximo post.

3 comentários:

RodrigoOMartins disse...

Obrigado pelas dicas na ordem do roteiro. Com certeza serão muito úteis!

Gabi disse...

Não tem de quê!

Tony Marle disse...

Legal Gabi!!!

Passei pelos mesmo lugares, realmente é muito lindo!!!